Superaquecimento causa parada em Central Nuclear na Espanha.


A central nuclear espanhola de Almaraz II, localizada a cem quilómetros da fronteira portuguesa, na província de Cáceres, registou ontem uma avaria numa bomba de refrigeração.
Esta central informou o Conselho de Segurança Nuclear (CNS) espanhol que decidiu parar a produção de energia eléctrica de um dos reactores, perante as "altas temperaturas" registadas. Uma explosão na central obrigaria à retirada das populações dos distritos de Castelo Branco e Portalegre.
A paragem, informou a central, "não coloca em risco nem as pessoas nem o meio ambiente", e classifica-se, de "forma preliminar", como nível zero, na Escala Internacional de Ocorrências Nucleares (INES). A INES é uma escala com sete níveis definida pela Agência Internacional de Energia Atómica e pela OCDE, utilizada para divulgar à sociedade a gravidade de um evento nuclear. O acidente da central nuclear de Fukushima (Japão), em Março, foi classificado como nível 7 nesta escala, assim como a catástrofe de Tchernobil (Ucrânia), em Abril de 1986.
Não é avançada uma data para a reactivação do reactor. A paragem é uma medida preventiva, "e antes que se alcance um valor que pare automaticamente o reactor", decidiu-se "efectuar uma paragem programada da produção da electricidade", segundo informou o CNS.
O funcionamento da central nuclear de Almaraz, que está activa desde os anos 80 junto ao rio Tejo, tem sido muito contestado, pois o seu tempo de vida terminou em Junho de 2010, mas o Governo espanhol decidiu mantê-la a funcionar mais dez anos. Há dois meses, várias centenas de pessoas manifestaram-se em Almaraz, entre eles membros da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza. Esta associação ambientalista alerta para os perigos de contaminação, em Portugal, no caso de um eventual acidente nuclear desta central.
Nuno Sequeira, presidente da Quercus, recorda que esta central tem tido muitos incidentes, tal como em Maio de 2008, um acidente na central obrigou à retirada de trabalhadores e provocou a libertação de 30 mil litros de água radioactiva (depois de tratada) no rio Tejo. O ambientalista acrescenta que a central nuclear espanhola representa um risco muito elevado para Portugal e explica que, uma eventual explosão, contaminaria Portugal por via atmosférica e também por contaminação do Rio Tejo.
Em Espanha existem seis centrais nucleares em funcionamento, num total de oito reactores (as centrais de Almaraz e Ascó têm dois reactores cada), segundo o CNS. As restantes são Santa Maria de Garoña, Trillo, Cofrentes e Vandellós II. Uma central, José Cabrera, já foi definitivamente encerrada. Estas centrais produzem cerca de 20% da electricidade consumida no país.
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