“Vou-me embora deste país de merda”, diz Berlusconi

Berlusconi diz que é "transparente nos seus assuntos" 
(Ciro De Luca/Reuters)
 O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, envolveu-se noutro escândalo político, após terem sido divulgadas escutas telefónicas no âmbito das investigações sobre as festas de Il Cavaliere. Nas gravações, Berlusconi diz a um amigo que se vai embora “deste país de merda”.

A conversa entre Berlusconi e Valter Lavitola, director do jornal Avanti e amigo próximo do primeiro-ministro, ocorreu a 13 de Julho. “Sou transparente, tão limpo com os meus assuntos, que não há nada que me possa perturbar. Não fiz nada que possa ser considerado um delito. Daqui a uns meses, vou-me ocupar dos meus negócios e vou-me embora deste país de merda que me dá vontade de vomitar”, desabafou o primeiro-ministro.

Sobre estas escutas, divulgadas pela agência Ansa, o presidente do Conselho justificou: “São coisas ditas ao fim do dia, talvez com um sorriso ou de forma paradoxal, é uma coisa que não existe”. Silvio Berlusconi refere-se ainda à publicação das gravações na imprensa como “uma coisa insuportável”, e diz que não vai abandonar a política. “Ficarei aqui também por essa razão, para mudar este país.”

Lavitola, que se encontra actualmente no estrangeiro, é procurado pela justiça italiana e é sujeito de um mandado de prisão por suspeitas de envolvimento no caso de extorsão contra Berlusconi, no qual também está implicado o empresário Giampaolo Tarantini.

Na quinta-feira, Tarantini e a mulher, Angela Vevenuto, foram detidos por suspeitas de chantagem ao chefe do Governo. Segundo a imprensa italiana, os procuradores encarregados do caso acreditam que Tarantini exigiu a Berlusconi o pagamento de dinheiro para corroborar a versão de Berlusconi, que afirmou na altura em que o caso se tornou público, em 2009, desconhecer que as jovens presentes nas suas festas eram prostitutas.

Entre os implicados está Tarantini, o qual confessou ter recrutado e pago a várias raparigas, incluindo prostitutas, para “entreterem” o mandatário. A investigação sobre as alegadas chantagens, baseada em escutas telefónicas, foi revelada a 24 de Agosto pela revista Panorama, que pertence ao grupo Mondadori, de Berlusconi.

Em declarações à revista, Berlusconi negou a extorsão por parte de Tarantini e afirmou que “apenas ajudou uma pessoa e uma família com crianças que se encontravam e encontram em grandes dificuldades económicas”. “Não fiz nada ilegal. Limitei-me a ajudar um homem desesperado sem pedir nada em troca”, acrescentou.

Segundo a Panorama, Tarantini terá recebido um pagamento de 500 mil euros e, mais tarde, outras quantias mensais, que deste modo impediriam que tornasse públicas informações sobre as festas de Il Cavaliere que contrariassem a versão do primeiro-ministro.

O chefe do Governo não se encontra sob investigação por este caso, mas está a ser julgado por ter pago a uma jovem de 17 anos para ter sexo, numa das festas na sua residência perto de Milão. Para além deste julgamento, conhecido como “caso Ruby”, nome artístico da dançarina exotica Karima El Mahroug, Berlusconi está envolvido em três outros, todos relacionados com corrupção.

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