Um dia depois de o comandante das Forças Armadas de Israel alertar que o Irã deveria esperar eventos “não naturais” em 2012, um cientista identificado como Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, foi assassinado nesta quarta-feira (10), vítima de um atentado em Teerã, capital do Irã. Segundo a agênciaReuters, dois homens em uma motocicleta colocaram uma bomba magnética no carro em que Roshan estava, que explodiu em seguida. Um pedestre também morreu e outro ocupante do carro ficou gravemente ferido.
Roshan era professor de engenharia química em uma universidade de Teerã e trabalhava como supervisor do centro de enriquecimento de urânio de Natanz, onde o Irã estaria, segundo as suspeitas de países ocidentais, desenvolvendo um arsenal nuclear. O cientista é o quarto a ser atacado desde novembro de 2010 (o terceiro a ser assassinado) e, uma vez mais, o Irã culpou os serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel pelo atentado.
“Era uma bomba magnética semelhante às que foram usadas previamente para o assassinato de cientistas, e é trabalho de sionistas [forma como o governo do Irã se refere aos israelenses]“, disse o vice-governador de Teerã, Safarali Baratlou à agência Fars. (…) “Os atos abomináveis da América e de Israel não vão mudar o curso da nação iraniana” disse a Organização de Energia Atômica do Irã em nota. |
O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas potências ocidentais afirmam que o regime dos aiatolás busca um arsenal atômico. A acusação do Irã é de que, enquanto oficialmente buscam sanções contra seu programa nuclear, EUA, Europa e Israel mantêm uma guerra secreta por meio de atentados como o desta quarta. Os alvos desta “guerra” seriam os cientistas nucleares do Irã, cujas mortes serviriam para atrasar a evolução nuclear do Irã. Em novembro de 2010, o cientista nuclear Majid Shariari foi assassinado e Ferydoun Abbasi, atual presidente da agência nuclear do Irã, ficou ferido em um atentado. Em janeiro de 2010, o físico Massoud Ali Mohammadi foi morto.
Coincidentemente, o jornal francês Le Figaro publicou reportagem nesta quarta-feira afirmando que o serviço secreto de Israel, o Mossad, tem recrutado refugiados curdos iranianos que estão no Iraque para realizar missões no Irã.
O primeiro vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Rahimi, afirmou após o atentado que “atentados terroristas” não iriam evitar “o progresso do Irã”. A firmeza de suas palavras combina com o tom cada vez mais desafiador que o Irã utiliza cada vez mais. O novo atentado chega em um momento de crescente tensão nas relações entre o Ocidente e o Irã. No fim deste mês, a União Europeia pode anunciar um embargo ao petróleo do Irã, ameaça que o Irã respondeu cogitando o bloqueio do Estreito de Ormuz, uma rota estratégica no Golfo Pérsico.
A agência iraniana Irna divulgou fotos [imagens fortes] dos momentos seguintes ao atentado.
Foto: Mehdi Marizad / Fars / AP
José Antonio Lima
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