Rússia sobe o tom e faz alerta sobre possível ataque a Síria


A Rússia fez um alerta nesta terça-feira contra qualquer ação militar unilateral contra a Síria, após os EUA dizerem que podem intervir no país árabe caso o regime de Bashar al-Assad use armas químicas para combater rebeldes.
Nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, reuniu-se em Moscou com o representante diplomático da China, Daí Bingguo, e uma delegação síria.
Após o encontro, Lavrov disse que Moscou e Pequim baseiam sua colaboração diplomática na "necessidade de se aderir estritamente aos regulamentos internacionais e aos princípios da Carta das Nações Unidas e não permitir sua violação". "Acredito que este seja o único caminho correto nas condições de hoje", completou Lavrov.
Ele disse que apenas o Conselho de Segurança da ONU poderia autorizar o uso de força contra a Síria e alertou contra a imposição de "democracia por meio de bombas".
Ele ainda disse ao vice-premiê sírio, Qadri Jamil, desejar ouvir seus planos para "ações que transformem a situação em um canal de diálogo político para que os próprios sírios decidam seu futuro sem interferência externa".
Jamil disse que interferências externas estariam "prejudicando os esforços para que os próprios sírios resolvessem o problema". A China e a Rússia vêm se posicionando contra interferência externa na Síria desde o início dos protestos contra o governo em março de 2011, tendo vetado três resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pressionavam o presidente do país, Bashar al-Assad, a por fim à violência.
Obama
Na segunda-feira, o presidente americano, Barack Obama, disse que o uso de armas químicas representaria uma "linha vermelha" (significando um ponto de não retorno) para os EUA. "Ocorreriam consequências enormes se começássemos a ver um movimento relacionado a armas químicas ou seu uso", disse Obama.
Ele disse não ter ordenado ações militares "nesse estágio", mas alertou que os EUA estariam monitorando a situação cuidadosamente e já teriam feito planos de contingência.
"Isto não inclui apenas a Síria, mas é do interesse de aliados na região, incluindo Israel, e é do nosso interesse", disse Obama. Em julho o governo sírio admitiu ter armas químicas, mas disse que só as usaria contra uma invasão estrangeira e nunca contra sírios.
Combates
Da Síria vieram relatos de que tropas do governo invadiram nesta terça-feira um subúrbio a oeste de Damasco. Pelo menos 23 pessoas teriam sido mortas. Lojas e casas foram incendiadas após a entrada das tropas que buscavam guerrilheiros, segundo ativistas de oposição.
Há também relatos de duros combates na cidade de Herak, no sul, e em Aleppo, no norte, onde a jornalista japonesa Mika Yamamoto foi morta na segunda-feira. Rebeldes dizem controlar 60% da cidade, informação negada pelo governo.
BBC Brasil
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