Ministro da Saúde prevê 5 meses difíceis para o Brasil por causa do coronavírus -"Vão ser mais ou menos umas 20 semanas duras" - disse Mandetta.

Luiz Mandetta já deu início a um mapeamento de hospitais e unidades de saúdeJefferson Botega / Agencia RBS

Luiz Henrique Mandetta afirmou que a ANS deve obrigar hospitais privados e planos de saúde a atenderem os pacientes e a lidarem com tudo o que diz respeito ao coronavírus

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acredita que o Brasil deve viver semanas "duras" devido à transmissão comunitária do coronavírus. Em entrevista ao Estadão, nesta quarta-feira (11), Mandetta afirma que reuniu sua equipe no último fim de semana para mapear hospitais e a capacidade de atendimento em todo o país.

— Vamos passar por isso. Vai ser duro. Vão ser mais ou menos umas 20 semanas duras — disse Mandetta.
Além de mapear as unidades de saúde aptas a receberem possíveis pacientes, a equipe do ministério avalia montar hospitais de campanha, de acordo com o jornal Estado de S. Paulo. Os estudos - que envolvem também a otimização da triagem da doença - devem ser finalizados até o fim da próxima semana.

O ministro se reuniu com as mesas diretoras da Câmara do Senado nesta quarta-feira (11). De acordo com a Agência Senado, Mandetta anunciou que a Agência Nacional de Saúde vai obrigar hospitais privados e planos de saúde a atenderem os pacientes e a lidarem com tudo o que diz respeito ao coronavírus.

Outra medida é repetir a compra de equipamentos já feita pelo governo. A ideia é trazer mais álcool em gel, soros, luvas e cerca de 20 milhões de máscaras. O valor, no entanto, é um problema: como a demanda em todo mundo cresceu, o preço das máscaras importadas subiu de R$ 0,11 para R$ 2, segundo Mandetta.

Outra análise realizada foi a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e o momento em que ele deve atingir seu limite de atendimento.

— Somos um país assimétrico. O Rio de Janeiro aguenta muito pouco. São Paulo aguenta um pouco mais. O Paraná é nosso melhor sistema, a melhor rede de distribuição. O Acre não tem nenhum caso. O Brasil é um continente — compara Mandetta.

Nas últimas semanas, o ministro também fez um périplo no Congresso a fim de garantir parte dos R$ 15 bilhões em emendas — que sejam realocadas para enfrentar o novo coronavírus. O pedido é que, ao menos, R$ 5 bilhões seja utilizado para o combate da doença.

Em audiência na Câmara, Mandetta pediu que os Estados revisem os planos de contigência, já que alguns secretários apenas "copiaram e colaram" planos usados no combate à pandemia de Influenza A (H1N1), registrada em 2009. Ele afirmou também que o avanço do covid-19 preocupa, mas está dentro do esperado:

— O vírus é extremamente duro. Ele derruba o sistema de saúde. Se não tem uma letalidade individual elevada, tem uma letalidade ao sistema de saúde.
Futuro

O ministério ainda não recomenda o cancelamento de grandes eventos, manifestações e restrições a cinema e metrôs, o que acredita que seria "irresponsabilidade" fazer isso agora.

— Estamos tentando ser técnicos. (...) Pode ser necessário que a restrição seja necessária? Pode acontecer. No momento, não tem por que dizer: "Fecha o portão" *— frisa Mandetta.

Em relação às instituições de ensino, o ministério da saúde já pediu a Abraham Weintraub, ministro da Educação, que seja feita uma análise dos planos de aulas:

— Chega uma hora que isso se impõe (suspender aulas). Quem fica com as crianças? Vai deixar com avós? Se for num formato desses, as crianças vão contaminar exatamente aquele grupo que mais precisa de hospital (os idosos). A ideia é dimensionar isso bem para não fazer um movimento que pareça, no primeiro momento, adequado, e no momento seguinte, inadequado — frisou o ministro.

Via: gauchazh.clicrbs.com.br

NOTA:* "Fecha o portão" quer dizer "quarentena nacional por causa da pandemia" .

Em resumo, não estamos preparados para uma pandemia.
Não há equipamentos, medicamentos e instalações suficientes.
Não foram feitos nos governos anteriores, melhorias necessárias no sistema de saúde brasileiro que pudessem atender situações de pandemia mundial.
Se previnam..tenham um plano B, C..